Em abril, o setor criou mais de 900 postos formais de trabalho na região de Campinas
Desde pequeno, Lucas Ferreira, de 22 anos, ama computadores, tecnologia e programar. Já nasceu como um filho da Era Digital e nem sabe o que é o termo analógico direito. Mesmo com a pouca idade, o rapaz - que ainda está na faculdade - já conseguiu um bom emprego e sabe que, futuramente, pode até ter o “passe” disputado pelas empresas, se avançar nos estudos e se tornar um profissional de ponta.
A área de tecnologia é destaque na geração de postos de trabalho na Região Metropolitana de Campinas (RMC) nos dois últimos anos e vem ajudando a alavancar a oferta de novas oportunidades. O Informativo Mensal do Mercado de Trabalho elaborado pela professora extensionista do Observatório PUC-Campinas, Eliane Rosandiski, mostra que apenas em abril foram mais de 900 contratações em serviços de tecnologia.
A pesquisadora diz que um fato positivo no desempenho do segmento é que o crescimento da abertura de novas oportunidades é constante. “Acompanhando o movimento das vagas de emprego geradas pelo setor de serviços de tecnologia, percebemos que o crescimento é consistente e constante. Outros setores até apresentam aumento nas contratações, mas não é de forma constante. Em muitos casos, são demandas sazonais, como acontece na área de educação no começo do ano”, explica.
A necessidade urgente de transformação digital das empresas imposta pela pandemia e o fortalecimento do polo tecnológico formado em Campinas e região sustentam os números que mostram o avanço do emprego no setor de serviços de tecnologia. “As empresas tiveram que se adaptar aos novos desafios impostos pela pandemia como o trabalho a distância. As organizações tiveram que fazer a reorganização da estrutura de trabalho e isso impactou positivamente nos negócios das empresas de tecnologia”, analisa a pesquisadora.
Boas oportunidades
Lucas Ferreira tem só 22 anos, já comprou o próprio carro e pensa em logo conseguir a casa própria. Desde pequeno, ele tinha curiosidade em saber como o computador funcionava e como era possível ele fazer tanta coisa. “Sou da geração digital e meu mundo é assim. Comecei a me interessar por isso desde muito pequeno e decidi que ia trabalhar com tecnologia. Faço faculdade e já trabalho na área há cinco anos. Quero ir longe. Quero criar novas tecnologias”, projeta ele, contando que os salários iniciais na área são acima da média de outras profissões.
O jovem profissional afirma que a área teve um grande impulso com a pandemia, que obrigou as empresas a acelerar a transformação digital que aconteceria nos próximos anos. Ferreira conta que o mercado oferece boas oportunidades de trabalho em diferentes funções nas áreas de tecnologia, informática e computação. “Já penso nas especializações que vou fazer assim que terminar a minha faculdade”, planeja.
Mercado de trabalho
O estudo do Observatório aponta que nos quatro primeiros meses deste ano foram gerados 22.105 novos postos de trabalho na RMC. Campinas é a cidade com mais contratações com registro em carteira num total de 7.090 novos empregos. O segundo lugar ficou com Santa Bárbara d´Oeste com 3.061 postos. E a terceira posição foi ocupada por Indaiatuba com 2.461 novas oportunidades.
A evolução mês a mês aponta que o ano começou com um saldo positivo de 3.705 admissões. Em fevereiro, o volume subiu para 8.765 postos. No mês de março, caiu para 4.291 novos empregos e voltou a crescer em abril chegando a 5.344 contratações.
Rosandiski afirma que, a despeito do comportamento favorável do mercado de trabalho e da recuperação das vagas, os dados nacionais mostram que existe uma redução da massa salarial. Isso significa que os novos contratados estão ganhando menos na hora da recolocação. Os estudos nacionais indicam uma queda de 8% nos rendimentos dos trabalhadores.
Um dado que exemplifica esse cenário aqui em Campinas é o aumento das contratações de trabalhadores mais jovens, cujos salários são mais baixos, enquanto há cortes de postos para pessoas com mais de 50 anos. “A região de Campinas registra um saldo negativo para as faixas etárias acima de 50 anos, que estão sendo substituídas por pessoas mais jovens cujo custo para as empresas é mais baixo”, detalha.
Para ela, ainda que exista uma reação do mercado de trabalho, a instabilidade econômica traz grandes desafios para o futuro. O país não tem uma política de desenvolvimento que estimule a criação de empregos e renda. Outro fato negativo é o impacto da Guerra da Ucrânia que deve afetar a economia mundial durante muito tempo ainda. Somado a tudo isso vivemos uma inflação galopante pressionada pela alta no custo dos combustíveis, dos alimentos, das matérias-primas e do custo de vida.
Com esse quadro, Rosandiski diz que ainda há muitas incertezas que vão afetar, diretamente, o mercado de trabalho até o final deste ano.
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