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Foto do escritorAdriana Leite

O lugar delas é o fim da fila do emprego

Atualizado: 6 de abr. de 2022

Dois anos depois do começo da crise sanitária, as trabalhadoras encontram mais dificuldades para se recolocar e ganham salários inferiores aos dos homens


Efeitos da pandemia: mulheres foram mais prejudicadas e encontram menos oportunidades no mercado de trabalho

A pandemia provocou um encolhimento do mercado de trabalho formal e foram as mulheres as maiores vítimas – isso os dados já mostravam logo no primeiro ano da crise sanitária. Porém, com o avanço da vacinação, aos poucos, as empresas estão voltando a contratar. Mas quem está conquistando a tão sonhada “nova chance”? Mais uma vez, os homens são priorizados nas contratações, como mostra estudo da PUC-Campinas com base nos dados oficiais.


Análise coordenada pela economista Eliane Rosandiski, do Observatório PUC-Campinas, mostra que o saldo de emprego em Campinas no ano de 2020 foi de 10.618 postos com carteira assinada perdidos – primeiro ano da pandemia. Desse total, 623 pessoas que ficaram sem um trabalho eram homens e 10.005 eram mulheres. Vê-se que o impacto foi muito mais forte sobre o mercado de trabalho das mulheres do que dos homens.


Em 2021, quando as contratações foram retomadas lentamente, o saldo foi de 33.477 novos postos preenchidos por homens e 31.226 vagas cujas admitidas foram mulheres. Novamente, há uma disparidade na hora de promover a recolocação. No acumulado dos dois anos, o resultado é 32.854 novos empregos para os homens contra apenas 21.221 para as mulheres.


“No acumulado, o percentual ficou em 61% do saldo de vagas para os homens e apenas 39% para as mulheres. No total, o saldo entre admissões e demissões na somatória dos dois anos de pandemia foi de 54.075 contratações. A crise rebateu muito mais forte no emprego feminino”, diz Rosandiski.

A professora da PUC-Campinas observa que a taxa de rotatividade é maior entre os homens do que para as trabalhadoras. A pesquisa revela que a taxa ficou em 46% no mercado de trabalho masculino e de 44% no feminino. Entretanto, a rotatividade é elevada em setores que são grandes empregadores de mão de obra feminina como alojamento e alimentação. O fato preocupa porque demonstra a fragilidade do mercado de trabalho para uma parcela expressiva da força de trabalho feminina em Campinas.


Salários


A gritante desigualdade salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho ficou ainda maior com a crise sanitária. A média salarial em Campinas é de R$ 3.357,93 na totalidade de todos os trabalhadores. A média salarial apenas das remunerações pagas para os homens é de R$ 3.713,23. Contudo, as mulheres recebem quase R$ 1 mil a menos – a média salarial das trabalhadoras é de R$ 2.902,02.


“A diferença é notada em todos os níveis escolares. Mesmo mulheres com curso universitário completo, pós-graduação e especializações, recebem menos do que homens que exercem o mesmo cargo que elas”, critica Rosandiski.

Ela observa que as trabalhadoras domésticas foram severamente afetadas pela pandemia e as novas oportunidades que estão surgindo no mercado é com salários bem abaixo do período antes da crise sanitária. “Dados do mercado de trabalho informal mostram que o ajuste do emprego doméstico na pandemia no ano de 2020 atinge fortemente as mulheres. Na recontratação em 2021, os salários são bem menores”, diz a professora.





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